sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Nazismo e Judaismo Parte II

Já faz muito, mas muito tempo que postei alguma coisa aqui, e por mais que saiba que ninguém lê essa bagaça, eu continuo mantendo só para massagear meu ego.
Esses dois artigos publicados aqui, foi uma tentativa frustrada de escrever algo sobre o tema, inspirado pelo livro que eu estava lendo e que ainda não acabei (mas pretendo um dia)





"E o que Hilter mais afirmava é que na era moderna os chamados Arianos (do qual ele mesmo não pertencia) eram o povo escolhido e não mais os judeus. Com tudo isso podemos perceber que mesmo tendo tanto ódio dos judeus o Führer ainda nutria, mesmo que secretamente, uma simpatia por esse povo, talvez por isso decidiu eliminar o máximo que conseguisse de sua raiz.
Foi citado anteriormente o termo: “Mischling” somente para esclarecimento, esse termo, usado pelos nazistas para determinar os de “segunda classe”, significa: “mestiço ou híbrido”, que era como Hitler enxergava os judeus. O interessante analisar, é que para o Führer, os meio-judeus teriam sido frutos de uma união profana de alemães e judeus genuínos e por isso, em alguns casos, ele não aceitava que esses cidadãos alemães fossem considerados como arianos, mesmo tendo vivido toda sua vida no país e tendo sido doutrinados pela ideologia nazista. Mas mesmo assim os alemães consideravam esses “mestiços” superiores aos cem por cento judeus, pois acreditavam que:
“(...) a perseguição a eles, os faria perigosos, porque seu “sangue alemão”, os tornaria inimigos formidáveis, portanto, esses meio-judeus devem ser levados mais a sério que os judeus (...)”
Essa afirmação preconceituosa, mostrava que mesmo não sendo aceitos como cidadãos arianos, os “mestiços” ainda eram considerados superiores aos judeus “totais”, talvez isso explique por que, em alguns casos, meio-judeus eram admitidos em guarnições nazistas e também em cargos altos da “SS” e da “luftwafe”, mas a causa ao certo de por que Hitler aceitava uns sim e outros não, ainda me é desconhecida, mas ao longo dessa pesquisa, pretendo desvendar tal questionamento.
Outra característica interessante de se perceber, é que até mesmo a igreja protestante rejeitava os meio-judeus mesmo que eles não fossem praticantes do judaísmo e se mostrassem convictamente convertidos ao protestantismo. Talvez isso foi feito para se evitar certas represálias por parte dos nazistas a igreja protestante, já que o país e o próprio Führer, se considerava católico.
Uma coisa que muitos costumam pensar, é que esses meio-judeus, por mais que fossem rejeitados por seu suposto povo, eram aceitos pela comunidade judaica. Na verdade isso não acontecia. Quando uma pessoa era considerada “Mischling”, ela era rejeitada pelos alemães e pelos próprios judeus, pois para nazistas, eles não eram arianos, devendo ser tratados da mesma forma que os demais não arianos e para os judeus eles não eram totalmente comprometidos com os costumes e com a cultura judaica, e de fato muitos “mestiços” se consideravam mais alemães que judeus e de forma nenhuma aceitavam essa nomenclatura e o tratamento diferenciado que recebiam. Muitas vezes esse meio-judeu se alistava como voluntário em tropas nazistas e até eram aceitos, mas ao serem descobertos como: “Mischling”, eram dispensados e voltavam para casa, mesmo que já estivessem em campo de batalha, em outros casos mais raros, eles poderiam sair das tropas para irem direto para os campos de concentração onde, na maioria, das vezes, acabavam sendo mortos. A não ser que já possuíssem uma patente alta eles poderiam ser encobertos.
Vale a pena ressaltar que em alguns casos pelo fato de estarem sem nenhuma “identidade”, esses “mestiços” encobriam sua origem, e mesmo que não concordassem com os métodos nazistas, se portavam como tal e no caso de estarem alistados, acabavam assumindo aquilo que não acreditavam, pelo simples fato de que aquilo poderia significar não só sua sobrevivência, mas também de sua família e o faziam porque na maioria das vezes não achavam seguro e nem benéfico participar dos raros grupos de resistência judaica que existiram durante o período. Claro que nem todos os “Mischling”, agiam dessa forma, alguns tinhas mais orgulho da Alemanha do que da própria judeidade, como afirmou um mestiço:
“(...) Minha vida seria muito triste sem minha pátria, sem a maravilhosa arte alemã, sem a crença no poderoso passado da Alemanha e no poderoso futuro que a aguarda. Acha que eu posso arrancar isso do meu coração?... Não tenho também obrigação com meus pais, com meu irmão, que mostrou seu amor pela pátria com uma morte de herói na batalha? (...)”
O fato de que uma pessoa poderia ser “mestiça” poderia, inclusive acabar com a família, como de fato aconteceu por inúmeras vezes, quando a mulher ariana deixa seu marido “Mischling”, por o ter descoberto como o tal, ou o filho que era deixado de lado pelo pai, quando descobria que ele tinha descendência judaica por parte da mãe, e nesses casos era ainda pior, pois ele era rejeitado por sua família alemã e também pela família judaica. Por conta disso, muitos jovens acabavam por cometer suicídio, pois ficavam sem um norte para seguir, em outros casos eles mergulhavam na doutrina nazista e por lá ficavam enquanto não eram descobertos como meio-judeu. Como afirmou um soldado judeu:
“Para sobreviver, tenho de me disfarçar, ser outra pessoa. Um nazista... e assim, passei a ser um soldado alemão... e comecei a reagir como fui ensinado pelos nazistas. Como nazista, e autêntico, eu era um.”
Quando isso acontecia era difícil de explicar até mesmo para os aliados, quando esses capturavam um soldado nazista na guerra. No geral eles não tinham muita paciência para ouvir qualquer um que estivesse usando um uniforme nazista, e acabavam matando esses meio-judeus antes mesmo que eles explicassem o porque de ele estar naquela situação. Mas em alguns casos esses “mestiços” acabavam sendo liberados pelos aliados e voltavam para casa e posteriormente, recebiam compensação e documentos dizendo que eles foram obrigados a serem soldados pela política nazista como uma questão de sobrevivência dentro da Alemanha totalitarista.
Na Alemanha os que conseguiram lutar na guerra pelo lado nazista, como eram os casos de alguns oficiais de alta patente da Luftwafe, acabavam sendo gratos ao nazismo por lhes ter oferecido, mais do que um nação, uma identidade, por isso muitos “mestiços” acabavam se sentindo acolhidos dentro dos exércitos nazistas, pois eram um dos poucos, senão o único, lugar onde eram aceitos, já que , em alguns casos, nem por seus ancestrais judeus eram aceitos. E esse sentimento de gratidão acabava por fazer esses meio-judeus esquecerem quase que por completo de sua natureza judia."